Com a meta de recuperar 2,5 milhões de hectares de áreas de pastagem de Mato Grosso de baixa produtividade até 2030, a “Estratégia: Produzir, Conservar e Incluir” (PCI), em parceria com Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), divulgou Mapeamento inédito que mostra qualidade das áreas de pastagem de Mato Grosso. No acumulado entre 2016 até o 2022, um total de 4,5 milhões de hectares foram recuperados, o que por si só já ultrapassou a meta da PCI até 2030. Porém ao mesmo tempo a degradação atingiu 6 milhões de hectares, resultando num saldo negativo de 1,6 milhões de hectares.
O gerente da PCI e economista ambiental, Ricardo Woldmar, explica que a contratação do Lapig foi realizada no segundo semestre de 2022 e teve como objetivo a coleta de dados sobre a qualidade de pastagens para todos os municípios de Mato Grosso, no período entre 2015 e 2021.
O Lapig está vinculado ao Instituto de Estudos Socioambientais (IESA), da Universidade Federal de Goiás (UFG), e tem sido a principal fonte de dados de pastagens atualmente.
O estudo do Lapig custou cerca de R$ 120 mil e foi financiado pelo Instituto PCI – via recursos do Programa REM MT (Governos da Alemanha e Reino Unido). O trabalho também contou com co-financiamento do Instituto Mato Grossense da Carne (IMAC).
O relatório final do estudo será disponibilizado no site do PCI até o final de setembro por meio do link www.pcimt.org.
O estudo
Segundo Ricardo, os resultados deste trabalho vão permitir que o estado de Mato Grosso e os atores do setor de carne tenham informações mais confiáveis sobre os níveis de degradação de pastagens no Mato Grosso. Isso fará com que mais investimentos sejam feitos para aumento da produtividade da pecuária, e consequentemente, melhor otimização do uso de solo no estado.
A médica veterinária responsável pela pesquisa, Nathália Monteiro, relata que o mapeamento é inédito em Mato Grosso.
“O Lapig usou mais de 72 mil amostras via satélite Landsat (resolução 30m) para elaborar o mapa de pastagens, e trouxemos pela primeira vez, o mapa de vigor vegetativo, para uma resolução espacial muito maior. Então, pro estado do Mato Grosso, a gente pode dizer sim que é um mapeamento inédito”, detalha.
Para se ter uma ideia, o mapa de pastagens do MapBiomas utiliza 30 mil amostras de satélite MODIS (resolução 250m) para o Brasil todo. Portanto, este financiamento do Instituto PCI e IMAC permitiu uma uma melhoria significativa da precisão e confiabilidade dos dados.
Resultados
Os resultados deste trabalho indicaram que dos 17,7 milhões de hectares de pastagens (Mha) de Mato Grosso, um total de 3,8 milhões de hectares de pastagens foram melhorados entre 2015 e 2021, sendo 0,9 Mha que subiram dos níveis de “baixo/médio” vigor para “alto” vigor e 0,8 Mha de “baixo” para médio vigor.
“Com esse mapeamento do Lapig, descobrimos que existem 17,7 milhões de hectares de pastagens no Mato Grosso, ao invés dos 20,1 milhões apontados pelo Mapbiomas. Consequentemente, concluímos que a pecuária do estado é mais produtiva do que imaginávamos (a produção é realizada numa área menor)”, afirma Woldmar.
As pastagens são a principal forma de uso e ocupação da terra, não só em Mato Grosso, mas no Brasil como um todo. “Então, acaba sendo muito importante conhecermos onde estão estas pastagens, uma vez que o seu bom aproveitamento permite o incremento de produtividade da pecuária e reduz a pressão sobre novos desmatamentos”, reflete Nathália.
Para realizar o mapeamento, foram feitas uma série de trabalhos de campo, além de investimento na melhoria de dados. “O mapa de vigor das passagens que apresentamos hoje é o mapa preliminar. O próximo passo agora é incorporar esses dados de campo nos mapas finais para entrega até junho deste ano”, conta.